30/06/2017 às 08h57min - Atualizada em 30/06/2017 às 08h57min

TREINAMENTO FÍSICO: Mecanismo de Adaptação

Denis Modeneze
Divulgação/Internet
Por:Dênis Marcelo Modeneze
Doutor em Educação Física na Área de Atividade Física, Adaptação e Saúde (UNICAMP)

Seres biológicos experimentam adaptações bioquímicas, estruturais e funcionais desde o princípio da vida. Tais adaptações dão-se a partir de uma freqüência de estímulos físicos ou químicos presentes no ambiente. Frente a esses estímulos, as células, os tecidos e os sistemas corporais reagem elaborando respostas de síntese ou de degradação tecidual que podem resultar em novas formas e funções. O treinamento físico realizado com freqüência contempla um conjunto de estímulos capazes de provocar a adaptação biológica e funcional do indivíduo, onde se pode registrar uma seqüência temporal desta adaptação, onde temos:

1º - Distúrbios da homeostase;
Primeira fase da seqüência temporal de adaptação, onde um determinado estímulo, ou carga, é capaz de promover um deslocamento maior do ponto de equilíbrio no organismo, distanciando o mesmo da homeostasia ou “equilíbrio”, ocorrendo em níveis celulares, teciduais e sistêmicos. A principal função do treinamento está em quebrar adequadamente esse “equilíbrio”.

2º - Contra-regulação com dilatação da amplitude da função;
Resposta aguda ao estímulo, aumentando a função orgânica, favorecendo a realização da atividade. Nessa fase ocorre, por exemplo, o ganho de força pelo maior recrutamento de unidades motoras.

3º - Formação de novas estruturas;
Com a finalidade de não sobrecarregar células, tecidos e sistemas, o organismo promove a síntese de novas estruturas, proporcionando, por exemplo, a hipertrofia nos tecidos musculares. Nessa etapa temos que contar também com uma boa alimentação que nos proporcionará os elementos necessários para a formação de estruturas novas e mais fortes.

4º - Ampliação do campo de estabilidade do sistema a ele adaptado;
A partir desta fase se faz necessário um reajuste do estímulo, para que o mesmo possa causar um novo distúrbio na homeostase, pois o organismo já se adaptou aos estímulos anteriores. Assim o ciclo de treinamento deve sofrer uma adequação em seu volume e na sua intensidade.

5º - Reversibilidade do processo de adaptação no caso da falta de estímulo.
Essa reversibilidade ocorre uma vez que o organismo deixa de receber o estimulo necessário, ocorrendo a degradação das estruturas formadas para atender as necessidades deste estímulo, causando uma nova contra-regulação, porém desta vez diminuindo a amplitude da função. Aqui fica claro a necessidade de se ter uma frequência de treinamento ideal para que os estímulos se somem e ocorra apenas ganho ou a manutenção das novas estruturas conquistadas.

Deste modo conclui-se que estímulos subliminares não provocam mecanismos de adaptação. Estímulos supraliminares, levam a processos positivos de adaptação, porém caso os estímulos sejam demasiadamente fortes o processo adaptativo se torna negativo causando degeneração de estruturas orgânicas, desfavorecendo o desenvolvimento ou a manutenção da aptidão física das pessoas.
É de suma importância para os educadores físicos saber prescrever e orientar exercícios físicos com a finalidade de colaborar com a melhora da qualidade de vida de seus alunos ou clientes, através da otimização das capacidades físicas básicas necessárias à independência e à auto-estima. 


 
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