06/05/2017 às 00h47min - Atualizada em 06/05/2017 às 00h47min

Lava Jato: ex-diretor da Petrobras diz que Lula conhecia e comandava propinas repassadas ao PT

Redaçao
Agência Brasil
Em depoimento nesta sexta-feira (05) ao juiz federal Sergio Moro, o ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o procurou para saber se havia alguma conta na Suíça em que tivesse recebido propinas pelo esquema de corrupção investigado na Operação Lava Jato. De acordo com ele, devido ao nível de informações sobre as operações negociadas entre a estatal e outras empresas, ficou “claro” que Lula “tinha pleno conhecimento” e “detinha o comando de tudo”.

Renato contou ainda que esteve três vezes com Lula após deixar a Diretoria de Serviços da empresa, em 2012, e que durante as conversas o ex-presidente o questionou sobre o andamento dos contratos da Petrobras com estaleiros para a construção de navios-sonda. A preocupação de Lula, segundo ele, era com os pagamentos feitos ao PT e com o possível rastro financeiro em contas fora do país que poderia ser detectado pelas investigações.
Réu em um dos processos da Lava Jato em Curitiba, Renato Duque foi reinterrogado nesta sexta-feira após permanecer em silêncio na audiência do dia 17 de abril. Ele próprio pediu para ser ouvido novamente.
 
“No último encontro, em 2014, já com a Lava Jato em andamento, Lula me chamou em São Paulo e me pergunta se eu tinha uma conta na Suíça com recebimentos da SBM [empresa holandesa acusada de pagar propina a funcionários da Petrobras] dizendo que a então presidente Dilma Rousseff tinha recebido informação de que um ex-diretor da Petrobras teria recebido dinheiro em uma conta na Suíça. Eu falei: 'Não tenho, nunca recebi dinheiro da SBM'. Aí ele vira pra mim e fala: 'E das sondas, tem alguma coisa?' E eu tinha, né? Mas eu falei: 'Não, também não tem'. Ele falou: 'Olha, presta atenção no que eu vou te dizer. Se tiver alguma coisa, não pode ter, entendeu? Não pode ter nada no teu nome, entendeu?' Eu entendi, mas o que eu ia fazer? Não tinha mais o que fazer”, disse.
 

Segundo o ex-diretor, o esquema de corrupção era “institucionalizado” e vinha de gestões anteriores. Em diferentes trechos do depoimento, ele diz que deseja esclarecer o que estiver a seu alcance e que quer pagar pelo que fez. De acordo com ele, pelo menos 20 milhões de euros (cerca de R$ 69,84 milhões) ainda estão em sua posse no exterior.
 

Em nota à imprensa, a assessoria de Luiz Inácio Lula da Silva acusa os procuradores da Lava Jato de fabricar “depoimentos mentirosos” na tentativa de produzir provas para as “denúncias levianas” contra ele, após “dois anos de investigações.
 
“O desespero dos procuradores aumentou com a aproximação da audiência em que Lula vai, finalmente, apresentar ao juízo a verdade dos fatos. A audiência de Lula foi adiada em uma semana sob o falso pretexto de garantir a segurança pública. Na verdade, como vinha alertando a defesa de Lula, o adiamento serviu unicamente para encaixar nos autos depoimentos fabricados de ex-diretores da OAS [Leo Pinheiro e Agenor Medeiros] e, agora, o de Renato Duque”, diz a defesa do ex-presidente.
(Fonte Agência Brasil)

 
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