Em uma performance na abertura do 35º Panorama da Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo, na última terça-feira, o artista fluminense Wagner Schwartz se apresentou nu, no centro de um tablado. Em vídeo que circula nas redes sociais, sob fortes críticas, uma menina que aparenta ter cerca de quatro anos aparece interagindo com o homem, que estava deitado de barriga para cima, com a genitália à mostra.
Na performance, intitulada La Bête, Schwartz emula um dos Bichos de Lygia Clark, as esculturas de alumínio com várias dobradiças que podem ser manipuladas pelo público. O artista se posiciona completamente nu em uma espécie de tatame e, então, pode ser manipulado pelos espectadores. A menina toca na canela e nos pés de Schwartz e depois sai engatinhando do espaço, e volta a assistir à performance. Ela está acompanhada de uma mulher adulta – segundo o MAM, sua mãe. Por atenção ao Estatuto da Criança e do Adolescente, o vídeo não foi publicado aqui.
Em nota divulgada no Facebook, o MAM ressalta que a criança estava acompanhada da mãe e que a sala onde ocorria a performance estava "devidamente sinalizada sobre o teor da apresentação, incluindo a nudez artística". O museu também garante que o trabalho, entitulado "La Bête", não tem qualquer conteúdo erótico.
A apresentação ocorreu na abertura da "Mostra Panorama da Arte Brasileira", realizada na última terça-feira. Trata-se de uma leitura interpretativa da obra "Bicho", de Lygia Clark, segundo o MAM. O coreógrafo Wagner Schwartz se posiciona nu sobre um tatame, manipulando um origami de papel, de forma a sugerir a interação. Em fotos de divulgação, participantes o abraçam, o mudam de posição e grande parte o filma.
Já as imagens da interação da menina com a apresentação foram divulgadas por fontes desconhecidas na internet. A criança parece mostrar curiosidade enquanto engatinha pelo tatame, vendo uma mulher adulta tocar os pés do artista. A mulher a incentiva a participar, a menina ri, toca rapidamente os dedos dos pés dele, e volta à plateia diante de sorrisos do público.
Críticas
As críticas, que se multiplicaram em publicações durante a madrugada, acusam o museu de "incentivo à pedofilia". O teor dos comentários é o mesmo daqueles que levaram o Santander Cultural a encerrar a exposição "Queermuseu", alvo de protesto ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL) em Porto Alegre. O MAM não mostra qualquer intenção de cancelar a mostra ou a performance. "As referências à inadequação da situação são fora de contexto", diz a nota do museu.