Uma perícia contratada pelo jornal Folha de S. Paulo concluiu que a gravação da conversa sofreu mais de 50 edições. Na última quinta -feira, o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou abertura do inquérito, por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo o Ministério Público Federal, em encontro com Joesley Batista, Temer havia dado aval para que ele continuasse a pagar uma espécie de mesada ao ex-deputado Eduardo Cunha e o doleiro Lúcio Funaro, ambos presos na Operação Lava jato, para que continuassem em silêncio. O áudio da conversa, gravada por Joesley, foi disponibilizado na última quinta-feira (18). Após a divulgação, o presidente Michel Temer e assessores avaliaram que o conteúdo da conversa não incrimina o presidente.
“O autor do grampo está livre e solto, passeando pelas ruas de Nova York. E o Brasil que já tinha saído da mais grave crise econômica de sua história, vive agora, sou obrigado a reconhecer dias de incerteza. Ele não passou nenhum dia na cadeia, não foi preso, não foi julgado, não foi punido, e pelo jeito não será”, disse Temer.
O presidente também disse que há muitas contradições no depoimento de Joesley Batista, como a informação de que Temer teria dado aval para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso em Curitiba. “Não existe isso na gravação, mesmo tendo sido ela adulterada. E não existe porque nunca comprei o silêncio de ninguém. Não obstruí a Justiça e não fiz nada contra a ação do Judiciário”
O presidente justificou que, na conversa com o empresário, simplesmente ouviu suas dificuldades, sem fazer nada para que ele obtivesse benesses do governo. “Não há crime em ouvir reclamações e me livrar do interlocutor indicando outra pessoa para ouvir as suas lamúrias”. Ele explicou que ouviu Joesley Batista à noite assim como ouve muitos empresários, políticos e até a imprensa em horários alternativos.
Ao encerrar sua fala, em que destacou o impacto da divulgação dos áudios da delação de Joesley na economia e na política do país, Temer reforçou que permanece no cargo. "O Brasil não sairá dos trilhos, eu continuarei à frente do governo", disse.