20/05/2017 às 23h37min - Atualizada em 20/05/2017 às 23h37min

Temer vai pedir ao STF suspensão de inquérito até que gravação seja periciada

Redação
ECB
Em novo pronunciamento na tarde deste sábado (20), o presidente da República, Michel Temer, disse que a gravação da conversa com o proprietário da JBS foi adulterada e afirmou que vai pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o inquérito aberto contra ele seja suspenso até que seja verificada a autenticidade da gravação feita pelo empresário Joesley Batista.

Segundo Temer, tarta-se de uma gravação clandestina que foi manipulada e adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos. "Incluída no inquérito sem a devida averiguação, levou muitas pessoas ao engano, induzido e trouxe grave crise ao Brasil”, disse o presidente.


Uma perícia contratada pelo jornal Folha de S. Paulo concluiu que a gravação da conversa sofreu mais de 50 edições. Na última quinta -feira, o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou abertura do inquérito, por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo o Ministério Público Federal, em encontro com Joesley Batista, Temer havia dado aval para que ele continuasse a pagar uma espécie de mesada ao ex-deputado Eduardo Cunha e o doleiro Lúcio Funaro, ambos presos na Operação Lava jato, para que continuassem em silêncio. O áudio da conversa, gravada por Joesley, foi disponibilizado na última quinta-feira (18). Após a divulgação, o presidente Michel Temer e assessores avaliaram que o conteúdo da conversa não incrimina o presidente.

O presidente acusou Joesley Batista de especular contra a moeda nacional, já que ele comprou US$ 1 bilhão antes da divulgação da gravação, porque sabia que isso causaria um “caos” no câmbio. Além disso, ele vendeu ações de sua empresa antes da queda do valor na Bolsa de Valores.

“O autor do grampo está livre e solto, passeando pelas ruas de Nova York. E o Brasil que já tinha saído da mais grave crise econômica de sua história, vive agora, sou obrigado a reconhecer dias de incerteza. Ele não passou nenhum dia na cadeia, não foi preso, não foi julgado, não foi punido, e pelo jeito não será”, disse Temer.

O presidente também disse que há muitas contradições no depoimento de Joesley Batista, como a informação de que Temer teria dado aval para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso em Curitiba. “Não existe isso na gravação, mesmo tendo sido ela adulterada. E não existe porque nunca comprei o silêncio de ninguém. Não obstruí a Justiça e não fiz nada contra a ação do Judiciário”

O presidente justificou que, na conversa com o empresário, simplesmente ouviu suas dificuldades, sem fazer nada para que ele obtivesse benesses do governo. “Não há crime em ouvir reclamações e me livrar do interlocutor indicando outra pessoa para ouvir as suas lamúrias”. Ele explicou que ouviu Joesley Batista à noite assim como ouve muitos empresários, políticos e até a imprensa em horários alternativos.

Ao encerrar sua fala, em que destacou o impacto da divulgação dos áudios da delação de Joesley na economia e na política do país, Temer reforçou que permanece no cargo. "O Brasil não sairá dos trilhos, eu continuarei à frente do governo", disse.


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