02/04/2019 às 16h13min - Atualizada em 02/04/2019 às 16h13min

Amor incondicional é o caminho na luta contra o autismo

Apoio da família é decisivo para que sintomas sejam minimizados e pessoa leve uma vida normal

ANDRE LUIS CIA
Foto: Arquivo de família
Deus sabia o que estava fazendo quando nos mandou esse anjinho azul”. O depoimento emocionado e tocante é da dentista americanense Viviane Bertini Vargas, mãe de Henrique, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Nesta terça-feira (2 de abril), é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Por causa da data, vários pontos turísticos do Brasil estarão iluminados de azul- cor que simboliza o autismo-. Estima-se que 1 a cada 160 crianças em todo o mundo tenha TEA, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), mas há uma enorme disparidade nos diagnósticos por gênero. “O que eles mais precisam é do nosso amor para que superem seus próprios limites”, diz Viviani.

O autismo pertence a um grupo de doenças do desenvolvimento cerebral, conhecido por TEA. Seus sintomas mais comuns são fobias, agressividade, dificuldades de aprendizagem e de relacionamento, por exemplo. No entanto, vale ressaltar que o autismo é único para cada pessoa, ou seja, cada um pode desenvolver um ou mais sintomas. Existem vários níveis diferentes de autismo, até mesmo pessoas que apresentam o transtorno, mas sem nenhum tipo de atraso mental.

O Dia Mundial de Conscientização do Autismo foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 18 de Dezembro de 2007, com o intuito de alertar as sociedades e governantes sobre a doença, ajudando a derrubar preconceitos e tabus que existiam por total falta de conhecimento. No país, o Dia Mundial do Autismo é celebrado com palestras e eventos públicos que acontecem em várias cidades brasileiras. O objetivo é o mesmo em todo o lugar, ou seja, ajudar a conscientizar e informar as pessoas de como lidar com a doença.

No caso de Henrique, Viviani, que mora atualmente em Penápolis (interior de SP), explicou que ele nasceu um bebê normal e não foi diagnosticado com nenhum atraso de desenvolvimento. No entanto, com o passar do tempo, ela e o marido foram observando que havia algo diferente nos movimentos dele, já que os fazia repetidamente, além da obsessão ou aversão que tinha a certos lugares ou objetos. Só que nunca foi sugerido pelos médicos ou escola que ele tivesse algo anormal, pois sempre foi muito inteligente, explica.  

Henrique ingressou no colégio com apenas um ano e 10 meses e a família  nunca teve nenhuma reclamação da escola por conta de seu comportamento ou ainda percepção de alguma dificuldade que ele estivesse tendo. Apesar disso, os movimentos insistentes e contínuos do filho a incomodavam, e isso fez que Viviani buscasse o diagnóstico junto a um neuropediatra. Na época, o garoto tinha cinco anos, e após alguns exames, o médico disse que ele tinha apenas um grau elevado de ansiedade.

Em março de 2017 com a continuidade dos sintomas, decidiram levá-lo para uma consulta com outro especialista que então o diagnosticou como sendo portador de TEA. O médico explicou que a principal dificuldade de Henrique seria a interação social e que ele seria o `inteligente esquisito`. Viviani explica que ele não deixou dúvidas quanto ao diagnóstico e que trataria o caso como TEA, e que isso só traria benefícios ao seu filho..Henrique não precisou tomar nenhum medicamento. Hoje, faz terapia comportamental e ocupacional, e vai à escola regularmente.

“Graças a tudo isso, ao suporte dado pela escola, ele teve um progresso espantoso. Em janeiro deste ano, retornamos ao neuro, ele conversou com o Henrique e disse que nem precisaríamos mais voltar lá, a não ser que ocorra algo diferente, mas, felizmente, ele poderá ter vida normal”, conta a dentista.  

Apesar da felicidade pelo retorno positivo dado pelo especialista, Viviani alega que “não é um caminho fácil e que ele tem limitações”. Ela aponta, por exemplo, que consegue detectar diferenças pontuais, mas isso não significa que ele seja inferior. “O conhecimento é sempre o melhor caminho, principalmente a aceitação. Negar não vai resolver o problema. Não devemos ter preconceito, principalmente para podermos entendê-lo”.

Henrique leva uma vida normal para um garoto de sua idade, oito anos: joga futebol, faz natação, continua com as terapias  (recomendação médica de que ela nunca deve parar). Viviani aponta que ele ama as terapeutas e que deseja a companhia de outras crianças. Mas há alguns obstáculos a ser vencidos ainda, como andar de bicicleta e a conviver com barulho. “Ele odeia lugares barulhentos”, diz a mãe.

Para finalizar, ela passa um recado para todos os pais dizendo que o amparo é fundamental para uma criança que tenha autismo ou qualquer outra limitação, seja física ou psicológica. “É muito triste quando vemos que muitos não têm esse apoio familiar. A conscientização e a busca de ajuda profissional são fundamentais para o desenvolvimento deles”.


NOVELA AJUDOU DISSEMINAR O TEMA

Personagem Linda, interpretada pela atriz Bruna Linzmeyer, em cenas da novela. Segredo é inserir o autista na socieadade 

A novela Amor à Vida (TV Globo/2013), levantou a bandeira do autismo de uma forma única na TV, por meio da sensível história da Linda (Bruna Linzmeyer), filha de Amadeu (Genézio de Barros) e Neide (Sandra Corveloni). A doença da garota, que necessitava de muitos cuidados e atenção especial, fez com que sua família fosse obrigada a se reinventar e a descobrir novas formas de se relacionar. A trama mostrou que o autismo pode se manifestar de diversas formas, e que não é impossível ajudar o doente a superar muitos de seus limites.

Linda teve crises temporárias, muitas provocadas pela insensibilidade e pelo desafeto da irmã, Leila (Fernanda Machado), que não tinha paciência para a jovem e defendia sua internação. Já Daniel (Rodrigo Andrade), outro irmão, era extremamente carinhoso com ela, superprotegida pela mãe. Por excesso de zelo, Neide, involuntariamente, impedia a evolução da filha.

No decorrer da trama, Linda passou a contar com o apoio de Rafael (Rainer Cadete), jovem advogado que fez o que pôde para inseri-la na sociedade. Rafael enfrentou a resistência e a desconfiança de sua família da jovem até provar que realmente amava Linda e tinha boas intenções com a garota. Com isso, Linda ficou mais independente, dentro de suas limitações, e cada vez mais ligada a ele.
Nos capítulos finais, Rafael pediu Linda em casamento, com a concordância de Amadeu e Neide. Como ela precisava de cuidados especiais, continuou morando com os pais, e ele se mudou para a casa da família.

Fonte: Memória Globo 
Confira abaixo uma das cenas inesquecíveis da novela: 


 


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