02/04/2019 às 13h59min - Atualizada em 02/04/2019 às 13h59min

Cresce o número de mortes por acidentes de trânsito em Americana

Levantamento inédito do Ministério da Saúde foi feito com base em população de até 100 mil habitantes. De 2015 a 2017, 35 pessoas morreram na cidade

ANDRE LUIS CIA
Divulgação/Corpo de Bombeiros

Americana supera a estatística estadual em relação a mortes ocorridas em acidentes de trânsito numa proporção de até 100 mil habitantes, nos anos de 2016 e 2017. Em 2015, foram registradas na cidade 11,77 mortes relacionadas a algum tipo de acidente (atropelamento, colisão, dentre outros). Em 2016, foram 12,95 óbitos; e em 2017, aconteceram 12,62 mortes. Em contrapartida, em todo Estado (na mesma proporção de 100 mil habitantes), foram 13,34 mortes (2015); 12,40 (2016), e 10,59 (2017). Os dados constam do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), vinculado ao Ministério da Saúde. Por outro lado, nos últimos seis anos, houve redução de 27,4% no número de óbitos causados por acidentes de trânsito nas capitais brasileiras, segundo levantamento inédito do Ministério de Saúde, divulgado em setembro de 2018.
Em 2010, foram registrados nas capitais de todo país 7.952 óbitos, contra 5.773, em 2016 (diminuição de 2,1 mil mortes no período). Apesar do número positivo, o Brasil segue distante da meta estabelecida pela ONU (Organização das Nações Unidas), que prevê redução de 50 % no número de vítimas em 10 anos (contados a partir de 2010).
Considerando todas as cidades brasileiras, incluindo também as capitais, foram registradas 37.345 mortes de trânsito em 2016- último ano com dados disponíveis-, no SIM. O número é 14,8% menor do que o registrado, por exemplo, em 2014, quando ocorreram 43.870 óbitos no trânsito brasileiro. A meta do país, em 2020, é não ultrapassar o número de 19 mil vítimas fatais por ano.

MORTES POR ACIDENTE DE TRÂNSITO 
CIDADE      2015     2016       2017
Americana    11,77    12,95    12,62
 SP             13,3      12,40        10,59
Brasil         18,9        18,11      16,53
FONTE: Observatório Nacional  de Segurança Viária (ONSV)

CUSTOS -  Além das mortes, os acidentes de trânsito também representam custos ao país. No Brasil, mais de 60% dos leitos hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS) são ocupados por vítimas de algum tipo de acidente de trânsito. Nos centros cirúrgicos do país, 50% da ocupação também são destinados a vítimas de acidentes rodoviários. Segundo o Observatório de Segurança Viária (ONSV), os acidentes no trânsito resultam em custos anuais de R$ 52 bilhões. Na opinião do especialista em trânsito e gerente técnico do ONSV, Renato Campestrini, são muitos os fatores que devem ser considerados quando falamos em acidentes de trânsito.
Além da imprudência e da negligência dos motoristas, ele cita também que os cursos de formação dos condutores são deficitários em todo país. “Esse é um dos maiores problemas porque os novos motoristas saem despreparados dessa formação, e com isso, acontecem podem se envolver em novos acidentes”, destacou.  
Campestrini também apontou que as escolas deveriam seguir o que determina o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), mas isso não tem acontecido como deveria. “Esse aluno precisa ter, desde cedo, conscientização sobre a responsabilidade que ele terá ao se tornar condutor no futuro”.  Na teoria, o CTB estabelece que a educação para o trânsito deverá ser promovida desde cedo, na pré-escola, assim como nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, tanto públicas quanto particulares, “por meio de planejamento e ações coordenadas entre os órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Educação, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de atuação”. O código também caracteriza a educação para o trânsito como direito de todos e um dever prioritário para os componentes do Sistema Nacional de Trânsito.

OUTRO LADO – A reportagem do portal Atualidade questionou na última segunda-feira (1), a Prefeitura de Americana sobre os números do último levantamento do Ministério da Saúde. Foram pedidos os posicionamentos das secretarias de Saúde e de Trânsito diante das estatísticas. Na área de saúde, por exemplo, foi questionado o número de leitos ocupados por vítimas de trânsito no município e o custo que cada paciente representa no que tange à internação, medicação, cirurgia, dentre outras intervenções. Na semana passada havia sido questionado o número de óbitos na cidade em decorrência de acidentes de trânsito, mas a assessoria de imprensa da Prefeitura alegou que não tinha essa informação.  
Com relação à área de trânsito, o questionamento foi referente às campanhas educativas que vêm sendo realizadas pelo município e qual o posicionamento da pasta diante da estatística que coloca Americana à frente do Estado no número de mortes provocadas por acidentes de trânsito nos últimos anos (2016 e 2017). Até o fechamento desta edição, a Prefeitura não havia dado nenhum retorno sobre os questionamentos. 

MAIO AMARELO VISA CONSCIENTIZAR SOCIEDADE 


FOTO: Divulgação 

Relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), aponta que o Brasil aparece em quinto lugar entre os países recordistas em mortes no trânsito, atrás somente da Índia, China, Estados Unidos e Rússia. Além desses, Irã, México, Indonésia, África do Sul e Egito estão entre os países de trânsito mais violento do planeta. Juntos, esses dez países representam 62% das 1,2 milhão de mortes por acidente no trânsito que ocorrem no mundo todos os anos. Além dos mortos, acidentes de trânsito resultam em mais de 50 milhões de feridos a cada ano.
Para auxiliar no combate ao crescimento do número de acidentes no país, consequentemente, nas vítimas destes acidentes, o gerente técnico do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), Renato Campestrini, destacou que as campanhas educativas são muito importantes, como por exemplo a do " Maio Amarelo". Com o tema “NO TRÂNSITO, O SENTIDO É A VIDA”,  a sexta edição este ano propõe o envolvimento direto da sociedade nas ações e uma reflexão sobre uma nova forma de encarar a mobilidade. Trata-se de um estímulo a todos os condutores, seja de caminhões, ônibus, vans, automóveis, motocicletas ou bicicletas, e aos pedestres e passageiros, a optarem por um trânsito mais seguro. Para José Aurelio Ramalho, diretor-presidente do  ONSV, 90% dos acidentes têm como motivação as falhas humanas como imperícia, imprudência e desatenção. “Somos os responsáveis pelos nossos atos no trânsito e ter consciência clara disso é um dos caminhos para a reversão do triste cenário não só do Brasil, mas de todo o mundo”, reforçou. .

A abertura oficial da campanha 2019 será realizada no dia 24 de abril, em Vitória-ES. Já o encerramento, com a premiação “Destaques Maio Amarelo 2019”, acontecerá no dia 28 de junho, em Natal-RN. Os eventos reunirão autoridades do setor de Trânsito e Mobilidade Urbana de todo o país.A premiação será dada às empresas, entidades do setor público e sociedade civil organizada que mais disseminarem os conceitos e práticas propostas pelo Maio Amarelo. As ações devem estar direcionadas à conscientização para a segurança no trânsito e o incentivo à mudança de comportamento de todos que transitam.

 


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