10/06/2018 às 10h18min - Atualizada em 10/06/2018 às 10h18min

Morador de rua de Americana compõe e grava música para Copa do Mundo

Assessoria de Imprensa / Instituto Jr Dias
Foto: Divulgação
Um sonho realizado! O morador de rua da região do Zanaga, Antônio Severino, de 63 anos, realizou o sonho de ter uma de suas músicas gravada em estúdio! Compositor de talento, Antônio compôs uma canção para a torcida da Seleção Brasileira, que nos próximos dias disputará a Copa do Mundo na Rússia.



Antônio é conhecido na comunidade como Martinho da Vila Bela, não apenas pela semelhança incrível com o renomado artista carioca, Martinho da Vila, mas também por suas composições cheias de sentimentos. O sonho de ter a música gravada foi realizado com a ajuda do Instituto Jr Dias, que fez a intermediação com o músico arranjador André Baldino, dono do estúdio.

“Eu gosto de fazer música, e por incrível que pareça eu sou analfabeto, mas gosto de fazer letra. Eu não sei de onde vem, mas eu consigo fazer. Uma criança hoje com 12 ou 13 anos tem condições de ler e escrever melhor do que eu e me dar uma aula”, disse Antônio.

Muito crente em Deus, Martinho da Vila Bela é natural do Rio de Janeiro e chegou em Americana em 1985, com o sonho de trabalhar como tecelão. Sonho frustrado, porém, foi a cidade que escolheu para viver. Atualmente ele trabalha como ‘chapa’, e dorme em um espaço na Avenida João Nicolau Abdala em um espaço cedido por um amigo.

Orgulhoso de sua semelhança com Martinho da Vila, Antônio enche o peito para contar que por onde passa trabalhando como chapa as pessoas logo o reconhecem. “Ô Martinho da Vila, ô Martinho da Vila. Aí eu fico feliz e contente, porque sou fã e gosto de cantar as músicas dele”, conta rindo.

Martinho da Vila Bela ainda tem outras composições, que remetem ao estilo MPB do Rio de Janeiro, que estão todas guardadas na memória, nada de papéis.  “Não é só essa que queremos homenagear a Seleção Brasileira, tem outras também, eu vou fazendo, eu poderia fazer letras melhores se tivesse um estudo bom. Eu tenho “Moça Bonita”, “Chega Desse Preconceito”, “Mãe Guerreira”, “Eu Não Chorei” e por aí vai. Tá tudo na cachola”.

Ao ser questionado sobre qual é o seu sonho, Antônio foi firme. “Meu sonho é tirar essas pessoas da rua. As pessoas que falam que são andarilhos, que eu acho que é covardia falar isso, não são andarilhos, são desprezados pela sociedade. A pessoa não quer aquilo ali”, contou.

Procurado pelo Instituto Jr Dias para ceder horários em seu estúdio, o músico André Baldino logo aceitou a ideia de gravar a música para realizar o sonho do Martinho da Vila Bela. “A cada trabalho que a gente faz, mesmo cedendo o espaço e as horas de trabalho, tem um gosto especial. Ele tinha um sonho da música gravada, nós sentimos no olhar dele todo o carinho que ele tem por essas composições. Agradeço a Deus pela oportunidade e que isso aconteça mais vezes, que cada vez mais os sonhos dessas pessoas carentes se tornem realidade”

“Esse é o nosso trabalho. Ajudar as pessoas no que estiver ao nosso alcance. Seja qual for essa ajuda. Se, de alguma forma podemos ajudar, é isso que vamos fazer sem medir esforços”, disse Isabel Dias, presidente do Instituto Jr Dias.

O ‘desabrigado’, como se considera, Martinho da Vila Bela deixa um recado. “O cara desiludido é porque ele perdeu a esperança, perdeu a fé. Eu não, tenho fé ainda, tenho 63 anos e eu falo, tem que ir para cima. Tem colega meu que bebe a pinguinha no bar e eu falo, olha rapaz, levanta a cabeça. Tem colega que é bom, que é profissional, mas esqueceu da vida, ele pensa que já não tem mais nada, eu falo, tem ainda rapaz, tem caminho para andar ainda, é porque você está vendo, você não está enxergando”.

Notícias Relacionadas »
Comentários »